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O FUTURO DA REVISTA QSO

 Vivemos numa era onde as mídias se tornaram veículos de informação cada vez mais eficazes. Tanto no sentido da informação como da desinformação. A produção da informação nunca passou por tamanha velocidade e tamanho volume. Hoje em dia o consumo de informação se tornou um problema para quem busca algum assunto específico. São tantos meios de se obter conhecimento que ficamos com a sensação de que iremos explodir com a tamanha quantidade de assuntos que encontramos na internet e especialmente nas redes sociais. 

A televisão que um dia foi a rainha dos lares no horário nobre, atualmente passou a ser a segunda tela nas residências do Brasil. Basta observar quando uma família se reúne na sala, a televisão está ligada em um canal qualquer e as pessoas sentadas nos sofás estão com seus telefones, tablets ou notebooks fazendo o uso da grande rede. Nós estamos conectados com o mundo como nunca estivemos antes e desconectados das pessoas próximas a nós como nunca estivemos.

Algumas mídias deixaram de existir, eram o prenúncio de novas redes mais robustas. Lembramos aqui o ICQ, MSN, ORKUT, que foram as precursoras das redes sociais que conhecemos hoje. O e-mail ainda continua de maneira moderada. Ainda muito utilizada pelas empresas tanto para o marketing quanto para comunicação.

Lembramos que o advento do correio eletrônico revolucionou a forma como nos comunicamos. Muitos diziam que os serviços postais iriam acabar. Havia uma verdade parcial nessas assertivas. Os Correios realmente tiveram que se reinventar para continuarem existindo. Muitos serviços se tornaram obsoletos como exemplo o telegrama e o telégrafo (este já extinto dos serviços dos Correios). Uma prática que antes só perdia para a aquariofilia (criação de peixes) era a filatelia (coleção de selos), hoje já em profundo declínio. Atualmente os serviços que mais faturam para os Correios é a entrega de encomendas realizadas por meio virtual onde a empresa aproveitou sua infraestrutura logística e implementou este serviço. Porém mesmo assim, surgiram diversas empresas logísticas que estão começando a fazer frente a este serviço da ECT que é efusivamente questionada pelos seus usuários da baixa qualidade no trato com as encomendas e os prazos que dificilmente são cumpridos. Isso quando não há greves que causam transtornos aos seus clientes.

Com a evolução das telecomunicações, em especial a telefonia, com a evolução do telefone e de incontáveis aplicativos para estes pequenos aparelhos e a popularização da internet, ficou claro que os orelhões, seriam também alvo da obsolescência. Para os mais antigos, os orelhões de ficha cederam lugar para os orelhões de cartão que caíram na obsolescência após a chegada e popularização dos celulares. Não esquecendo que a evolução tecnológica que tornou possível a retirada de botões destes aparelhos para toques na própria tela fizeram uma outra revolução sobre a própria revolução nas telecomunicações.

Não há dúvidas que o maior promotor de toda essa evolução, sem sombra de dúvidas foi a internet. Os computadores, se tornaram cada vez mais pessoais e cada vez mais populares. E os sites, blogs e as redes sociais tornaram o conhecimento mais disseminado e cada indivíduo um potencial produtor de conteúdo, além de também ser um consumidor.

Cabe também atentar para a produção literária que antes era praticamente impressa e passava por um sistema muito complexo de produção. Essa produção sempre envolveu muitos custos financeiros e demandava muito tempo para edição, publicação e distribuição. Como a internet veio trazendo informação praticamente em tempo real, o mercado produtor de conteúdo sentiu a necessidade de se reinventar, assim como os Correios e demais empresas tiveram que fazer. Para abordar melhor sobre esse tema, vamos falar de jornais impressos, livros e por fim, as revistas. Dessa maneira entraremos de fato na matéria sobre o futuro da revista QSO.

Os jornais impressos sentiram a pressão dos sites de notícias nas últimas décadas

Esta afirmação é uma verdade, quando percebemos os inúmeros títulos de jornais que as bancas vendiam e hoje ainda persistem única e exclusivamente para atender a um público de pessoas idosas que ainda não migraram para a informação digital. Essas pessoas se habituaram a sempre consumirem notícias do dia anterior. Pois sempre foi assim que os jornais trabalhavam as notícias. O fato acontecia e então ia para a redação que buscava implementar a notícia buscando aprofundar mais a informação. Também haviam as colunas, os cadernos que sempre traziam um assunto interessante além das notícias. Mas com a internet e os sites de notícias em tempo real, além da segmentação da informação, tornando-a mais próxima dos consumidores, muitos jornais fecharam. Cabe ressaltar que o custo de produção de jornais envolviam uma grande quantidade de pessoas, desde a captação da notícia até a impressão e distribuição eram muito dispendiosas. E a produção de notícias em um portal de notícias digital seria muito mais econômico e eficiente para quem vive desse tipo de mercado. O fim dos jornais impressos certamente chegará. É uma questão de tempo.

E os livros, como ficam no mundo cada vez mais digital?

Um fato muito interessante que podemos analisar é a indústria literária. O costume do uso de livros na formação do indivíduo faz criar uma certa “dependência” do uso do livro impresso. Pois o hábito de estudar requer fazer anotações, marcações em texto, folhear rapidamente páginas, enfim, a facilidade de uso é notória. Portanto vemos os livros ainda sobrevivendo ao mundo digital por mais algumas décadas. Mas que a tecnologia um dia chegará para facilitar essa mudança não temos dúvida nenhuma.

Para se ter uma ideia do quanto se avançou nesse sentido, os e-readers (leitores eletrônicos) que são aparelhos semelhantes aos conhecidos tablets possuindo uma tela especial chamada de e-paper (papel eletrônico) e com um sistema de apresentação de leitura conhecida como e-ink (tinta eletrônica) sem a retro iluminação dão a sensação de que estamos realmente com uma folha de papel nas mãos. Ainda é uma tecnologia em preto e branco, mas já há diversos projetos em andamento para melhorar ainda mais esse hardware com a possibilidade de tornar coloridas as telas, aumento da velocidade de processamento, durabilidade das baterias, marcações, pesquisas e uma série de possibilidades interativas que provavelmente irão desbancar os livros como conhecemos. Já que será possível levar uma biblioteca inteira nesses aparelhos. Os livros publicados nesses formatos são conhecidos como ebooks e possuem diversas extensões onde as mais utilizadas são EPUB e MOBI.

E as revistas?

As revistas, por serem periódicas, geralmente quinzenais e mensais em sua grande maioria também passaram pelos mesmos problemas dos jornais impressos. Muitas também foram descontinuadas e passaram a existir exclusivamente digitais.

Num primeiro momento das revistas, as distribuições eram feitas em arquivos no formato PDF, assim como é feita a distribuição da revista QSO. Mas, acabaram sendo descontinuadas pois também demandavam um alto custo de produção, já que a diagramação da revista digital neste formato passou a ter dificuldade de se adaptar em telas distintas. Ou seja, os diferentes tamanhos e resoluções de telas em que elas eram consumidas, por exemplo: a apresentação de um formato fixo em PDF no celular é diferente numa tela de tablet e numa tela de computador. Além de considerar que o leitor deve receber a notificação da revista e/ou fazer o seu download para poder ter acesso à leitura.

A revista QSO, percebeu esse problema e para resolver a questão da leitura em telas diferentes mudou o formato de editoração, passando a produzir os textos e imagens em colunas, assim facilitaria para quem costuma fazer a leitura pelo celular, já que este aparelho é o mais utilizado pelos nossos assinantes para leitura. As outras telas a leitura é mais fluida.

Um outro fato é que ler em tela é altamente desgastante e conteúdos muito longos tornam cansativo a sua leitura. Por isso, na era da informação em que vivemos, produzir textos mais enxugados e com mais objetividade é uma necessidade.

Estamos atentos a tudo isso e por esse motivo, a revista QSO está repensando sua maneira de distribuição de conteúdo. Provavelmente, em 2023 a revista QSO poderá encerrar suas publicações como a conhecemos hoje. Ainda estamos estudando a melhor maneira de mantermos vivo esse projeto que inicialmente iria dar suporte aos outros projetos que estamos constantemente anunciando na revista todos esses anos como o Canal QSPapo e os podcasts QTCNews, QSPlay, Contos do Rádio, On The Road e No Balaio. Todos esses projetos são muito maiores do que a revista em si e consequentemente a aquisição de equipamentos, montagem de estúdio, hospedagem, Edição de vídeo, áudio e imagem acabariam onerando muito e como é uma atividade que fazemos por amor ao radioamadorismo, tememos não conseguir dar continuidade a tudo isso.

Por fim, o futuro da revista QSO é incerto. Temos apoio coletivo no Catarse que faz um desconto de 13% (treze por cento) do que recebemos como é contratado. E tivemos a perda de um computador que fazia a edição da revista que acabou sendo parcialmente custeado pelos valores que já se encontravam guardados para implementação do projeto e da ajuda de alguns amigos da revista que contribuíram financeiramente para que pudéssemos financiar um novo computador para não pararmos com a publicação da revista QSO.

A comunidade radioamadorística no Brasil é imensa e se tivéssemos apenas uma pequena contribuição dessa comunidade, certamente não estaríamos passando por isso e consequentemente, não haveria mais a necessidade de estarmos solicitando mais os apoios financeiros como fazemos todos os meses. E o mais importante disso tudo, não são os valores financeiros é o engajamento dos nossos leitores. Se nossos números fossem altos teríamos os valores custeados por anunciantes na revista. Assim ela realmente ficaria 100% gratuita e quiçá poderíamos fazer sorteios de brindes para os nossos leitores.

Por aqui fica um sonho, que por hora não se concluiu ainda. Mas esperamos até o fim deste ano conseguirmos manter a revista como está e em 2023 decidirmos dar continuidade na revista e em todos os projetos futuros ou descontinuar com tudo. Não fazemos nenhum uso dos valores que são destinados a revista, nenhum articulista é remunerado e tão pouco este que assina esta coluna que também edita, editora, publica e distribui a revista QSO.

Sentimos na pele como muitas publicações não são mais produzidas devido às dificuldades que nos são impostas. Cada colaborador, cada apoiador da revista e cada articulista tem de minha parte, em particular, todo meu carinho e apreço. São verdadeiros heróis da resistência. Pessoas abnegadas e dispostas a tornar o radioamadorismo brasileiro um pouco melhor. São pessoas que vão certamente deixar o mundo um pouco melhor do que encontraram. Me resta nesse momento, como fundador e produtor da revista QSO, agradecer profundamente por todas as colaborações e por todo incentivo que recebemos. Lutamos um bom combate. Nos veremos em breve numa próxima oportunidade! E vamos aguardar até dezembro para vermos se a revista seguirá seu caminho ou ficará para a história como mais uma que deixou de ter relevância.

por: Leandro Loyola