Pesquisar

Me armo de livros. Me livro de armas.

Tenho visto nas redes sociais uma certa frase de efeito que o único efeito que me causa é vergonha alheia. Sinto vergonha por quem utiliza esta frase, pois mostra o tamanho da ignorância sobre o tema abordado.

A frase é: “Me armo de livros. Me livro de armas”.

Entendo a posição de quem não gosta de armas e quer uma vida tranquila. Porém é uma utopia acreditar em um mundo sem armas. Eu até tentei me colocar na posição dessas pessoas que estão
alienadas com a narrativa dos formadores de opinião contrário ao uso de armas, especificamente armas de fogo. Mas não dá. É impossível um mundo sem armas. Pois o grande problema não está na arma, mas sim, na violência. Está na ação do indivíduo, facilitado pela impunidade e os benefícios legais quando em execução penal. Ainda sem levarmos em consideração que a taxa de investigação criminal até o devido processo legal é baixíssima em nosso país.

Para cometer um crime, o indivíduo não precisa necessariamente de uma arma de fogo. Existem inúmeros outros meios e “ferramentas” que podem ser utilizadas como armas. Para ilustrar melhor, segue uma lista de alguns meios e “ferramentas” que podem ser usados para cometer um crime: carro, faca, pedra, veneno, qualquer objeto contundente, tesoura, machado, foice, etc. A lista é longa! Mas além do elementos que citei, há outros que sem um único disparo, matam milhares de pessoas no Brasil. Me refiro à corrupção. Sim, a corrupção mata silenciosamente milhares de brasileiros nas filas de hospitais. Inclusive, atinge em cheio à nossa frase, objeto desta opinião; a Educação.

De fato, não é a arma o grande problema que enfrentamos. Nosso maior problema está na dificuldade de fiscalização nas fronteiras, na impunidade dos crimes cometidos, nas leis brandas que não ressocializam o indivíduo e no aparato de investigação deficiente que temos no Brasil. Existem ainda outros fatores que são mais complexos de abordarmos, dentre eles, destaco a cultura que existe na sociedade brasileira que deveria ser mudada a esse respeito.

Quero deixar claro que não sou contra os livros, pelo contrário, sou assíduo leitor. Leio em média de quatro a seis livros por mês. Portanto, eu deveria ser um entusiasta da frase “Me armo de livros. Me livro de armas”; mas não sou. Isso porque sou esclarecido sobre o tema. Infelizmente as pessoas que são adeptas dessa narrativa, ainda não perceberam o engodo desta frase.

Também é certo dizer que quanto mais uma população for educada menores serão os índices de violência. Mas a educação que me refiro não é acadêmica. Pois nosso Congresso Federal é composto por mais de 80% de formados em nível superior e vemos o quanto de crimes de corrupção são noticiados todos os dias pela imprensa. Falo da educação que os pais dão aos seus filhos. Pois o caráter de uma criança é preciso ser ditada pelos pais e não por professores. Compete aos professores ensinar matérias escolares e aos pais a educação e o respeito para com as pessoas. Não serão os livros que irão levar uma pessoa a não ser criminosa. Pois quem mata não é a arma e sim o indivíduo. A arma não é nada além de um meio utilizado pelo criminoso para cometer o seu intento Por isso, não podemos nos deixar levar por frases que possuem um tom poético, mas que nos levam ao engano.

Concluindo a minha opinião sobre esta frase gostaria de deixar a reflexão para você que dedicou um pouco do seu tempo para ler e entender o meu ponto de vista sobre essas opiniões que são massivamente compartilhadas nas redes sociais. A quem interessa que o cidadão não tenha uma arma de fogo ou busque para si a segurança? Quem tem o direito de decidir se alguém deve ou não utilizar uma arma de fogo para sua defesa?

A arma é um elemento neutro. Pode ser utilizada para o bem ou para o mal. Essa escolha compete ao indivíduo. Por fim, generalizar que quem possui arma de fogo é bandido, devemos então entender que a polícia é também bandido. As armas e os livros não possuem culpa alguma do que as pessoas fazem com seu uso. Assim como existem pessoas que usam a arma para o bem que é defender a sociedade e o país, existem pessoas que fazem o uso para o mal. O mesmo podemos falar dos livros. Assim como existem pessoas que usam os livros para transformar o mundo em algo melhor, existem pessoas que usam os livros para obterem conhecimento para cometer crimes em que nenhum tiro é disparado, tais como: crimes contra o sistema financeiro, corrupção, etc.

Então, a partir de hoje, se torna imperativo que cada publicação nas redes sociais seja analisada antes de compartilhadas. Pois poderemos estar nos tornando um motivo de vergonha para alguém.