Não é de se surpreender com o que acontece na esfera pública da administração no Brasil. Isso vale para Estados e Municípios e não somente no âmbito federal. Ao assistir esse vídeo de um pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, podemos perceber como as coisas funcionam de verdade.
O contrato de 50 milhões de reais seria para ensinar índios a "mexer" com Bitcoin. Para quem não conhece, Bitcoin é uma "moeda virtual", que não se pode rastrear seu proprietário, que também não pode ser tributada, enfim, vem a pergunta:
Qual o interesse em "ensinar" os índios a "mexer" com Bitcoin?
Na verdade, todo curso tem sua parte teórica e prática. A parte teórica seria o aprendizado em si e a parte prática seria a compra dos Bitcoins. Isso é um fato. E quem seriam os possuidores das criptomoedas? Os índios ou o pessoal da Funai?
Minha opinião:
Como sempre, os índios são usados como massa de pressão política, dado o apelo popular em defender essas pessoas que vivem isoladas e sem recursos. Acredito que o índio tem muito mais problemas importantes a serem resolvidos do que lidarem com criptomoedas. Porém, existem desdobramentos que podem ocorrer com o caso dos Bitcoins. Elencarei alguns dos que me vem agora em pensamento que são:
- Financiamento público de moeda não reconhecida oficialmente. Esse é um ponto a ser observado. Não é possível um governo financiar alguma coisa que pode ser usada contra o Sistema Financeiro Nacional. Sem a devida regulamentação e fiscalização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Logo o governo não pode fazer esse tipo de aporte.
- Possibilidade de compra de Bitcoins em nome dos interessados da Funai e não dos índios. Como disse acima, os problemas dos índios brasileiros são outros e Bitcoin não é uma necessidade. Assim sendo, os verdadeiros interessados utilizariam esta criptomoeda para financiar crimes como corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de todo tipo, etc.
Apesar dessa tentativa da Funai ter dado errado, índios lançam uma criptomoeda transcultural com a desculpa da COVID-19 e que vale uma reflexão. Conforme matéria publicada na revista Exame, índios lançaram uma criptomoeda própria. Como sabemos, estas moedas não são rastreáveis e nem tribudadas, dariam aos seus usuários a possibilidade de movimentarem incontáveis somas financeiras sem a devida cobrança de impostos ou mesmo com evasão de divisas sem o conhecimento do governo.
O perigo que vejo nisso tudo são as possibilidades de uso dessa moeda para fins de venda de recursos naturais. Haja visto que não sendo rastreável quem compra e quem vende, todo objeto das negociações, sejam madeiras, metais preciosos, a biodiversidade, enfim, tudo isso pode ser alvo de um contrabando que jamais se descobririam as pessoas envolvidas em caso de apreensão. Por isso, não vejo com bons olhos esse tipo de prática.
Com a criação das criptomoedas indígenas, podemos perceber que isso aumentaria ainda mais o isolamento dos índios. E que o governo precisa com certa brevidade resolver os problemas que apartam os índios da sociedade brasileira e do Brasil. Tenho a impressão que a ideia por trás disso é de fato uma emancipação dos povos indígenas e a criação de um novo país totalmente indígena. Bastando observar como as coisas vem se comportando. O que será um artigo futuro em que vou falar sobre essa situação e que nesta opinião não se aplica, apesar de estar intrinsecamente ligados.
Do mais, quero deixar claro que não sou contra índio ou contra ações que busquem dar qualidade de vida para essas pessoas que vivem em nossas florestas. Porém, é necessário dizer que permitir o uso destes para lobby é um verdadeiro abuso. Uma escravidão ideológica. Isso não deve ser permitido.
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